quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A CAMPANHA DE FALSAJUDA A STA CATARINA

O natal chegando, uma tragédia entre nós, as tvs, rádios e o público sedentos por sangue. Cenário perfeito.



Aí, por mais de uma semana, o jornal nacional e os demais deixam de lado a crise mundial e passam a dedicar todo seu esforço ao caos catarinense, pedindo doações e mostrando "a generosidade do povo brasileiro, tão pobre e tão solidário".

As emissoras mesmo nao doaram um caralho.

Então as celebridades começam a capitalizar.
O tenista bondoso, milionário, visita bombeiros e vítimas. Não doa nem uma bolinha. Mas pede doações.

Aí a modelo famosa, milionária, diz que a família toda é de lá, os amigos. Ela aparece na TV falando ao telefone com a mãe. Choram juntas em rede nacional. A gata não doa nem uma calcinha borrada, mas pede doações.

Então vários atores e atrizes e apresentadores começam a fazer o mesmo, pois viram que dá certo, valoriza o passe. Pedem doações e o povo doa. De preferência na frente das câmeras.

Clubes (milionários) de futebol não doam nem uma bola furada, mas viram postos de arrecadação.

Empresas emprestam caminhões, já é alguma coisa. Mas pedem que os funcionários doem parte do salário mínimo, comida, roupa. Eles doam de coração, porque sentem a dor alheia na própria pele. Poderia ter sido o morro deles, a casa, a família deles.

Construtoras se mobilizam. Pedem que os funcionários doem roupas, papéis higiênicos, comidas prontas, parte do décimo terceiro. Mas elas mesmas não doam nem um tijolo.

E as escolas particulares... nem um toco de lápis. Mas capitalizam: entram na disputa de quem arrecada mais, publicam notas em suas newsletters e malas-diretas, aproveitam o chamariz e criam uma promoção: "faça aqui sua doação e ganhe um desconto na matrícula".

Pilotos de fórmula 1, milionários, doam seus capacetes para leilão, pois tem sempre alguém disposto a pagar por eles. Ainda é pouco. Então um deles abre a carteira. Doa 50 mil e promove com alguns colegas a "corrida das estrelas". E pilotam felizes, envoltos em carenagens abarrotadas de patrocinadores que pagam mais de 50mil para estar ali, associados à causa e aos campeões. Mas o que vai para os desabrigados é apenas o arrecadado junto ao público, que lota as arquibancadas e assiste ao festival de ultrapassadas e derrapadas e xingamentos entre os bons vivants bonzinhos que depois da festa ainda ganham troféus. Que lindo.

E os jogadores? Por mais ignorantes que sejam e serão sempre, esses são verdadeiros bloodhounds na arte de farejar oportunidades. Eles saíram da merda há pouco, sabem o que é a vida mísera e assim como o mootley, precisam fazer alguma coisa. Começam declarando a quem quiser ouvir e filmar que não custa nada ajudar. Verdade. Aí fazem um jogo beneficente. E patrocinado. E revêem os amigos, batem uma pelada, são aplaudidos e ainda correm o risco de ser nomeados embaixadores da unicef. Para a torcida tá ótimo: sai mais barato doar 1 lata de sardinha que pagar ingresso. E tudo pela nobre causa de estancar a dor alheia.

Aí o estado afogado começa a gritar:

"pára de doar! não tem mais onde guardar essas merda toda! Pára!!!"

A chuva continua. Uma lama grossa e rubra segue jorrando em nossas telas high definhetion. O brasil solidário e generoso quer sangue.

E por falar em sangue. Alguém lembrou de pedir? Alguém pensou em doar?


CASACO DE PELE. CIRCO COM ANIMAIS. SAPATO DE COURO. CHURRAS.

Lá em casa nós não somos vegetarianos. Ainda não conseguimos e o nosso consumo de alimentos de origem animal (morto ou vivo), apesar de mínimo, ainda ocorre. Damos preferência a peixes do mar, iogurtes e ovos, mas isso não justifica nem diminui nossa culpa. De todo modo, não usamos pele além das nossas próprias. E criticamos quem o-faz.

Hipócritas então?

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Resolvi escrever porque ontem, numa zapeada básica, me deparei com aquele Ronaldoéisper elogiando os trajes de uma puta qualquer que usava um casaco de visom. Então aquela jaquicúri se manifestou. Mas por falta de argumentos calou-se em seguida, perdendo assim uma chance enorme de justificar sua presença na TV defendendo algo maior que a sua bunda, seus peitos, seus dentes e mostrando que não é só mais uma vagaBBBa.

Segue o diálogo (e acreditem, essa foi a íntegra):

éisper: - "Olha ela de visom... xiquérrima!"
jaquicúri: - "ôpa! ela esta usando casaco de pele animal! eu não uso pele animal! não usem pele!"
éisper: -"aé? então você não come vaca? você não come porco? você não come galinha? É tudo a mesma coisa, eles são feitos para morrer, tem nada demais, tem que usar pele sim porque é xíque!"

E pronto, acabou o diálogo.

Mas não deveria.

Usar pele não é chique. É cruel. Nós humanos subjulgamos todas as demais espécies, crendo que foram criadas para nos servir. Que são espécies inferiores.

Não existe matadouro ou frigorífico que ofereça uma morte digna a animal nenhum. Nem os kosher. Confinados, os animais tem sua musculatura atrofiada. Recebem uma alimentação pobre, cheia de hormônios, apenas para o engorde. Recebem choques elétricos. Têm as patas e cascos feridos. Os olhos vazados. São marcados com fogo. Mortos à marretada. Têm as tripas, couro, orelhas, chifres arrancados ainda em vida - muitas vezes diante das crias ou de outros da mesma espécie, para que sejam testemunhas oculares de seu próprio destino. Enquanto isso os algozes se divertem. Exatamente como faziam os nazistas.

Pra você que discorda ou quer saber mais sobre o assunto, segue a primeira parte do filme "Earthlings", ou "Terráqueos", em versão legendada para o português. Assista e chegue às suas próprias conclusões.

Earthlings - Parte 1



É isso. Se você é carnívoro,seja, mas seja também ao menos contra a crueldade humana. Não use pele, não compre nada de marfim, nem bichos empalhados, nem animais silvestres vivos contrabandeados, nada. Não apóie circo com bichos. Nem com pôneys nem com cães. Circo é lugar de gente e só.

E quanto à jaquicúri... é verdade, ela tentou. O certo é que faria mais efeito se ela virasse uma daquelas ativistas vestidas apenas com um cartaz à frente da boca.

É pouco pra ela? Ok, faça uma PETA.