quarta-feira, 19 de novembro de 2008

6 COMERCIAIS RECENTES QUE EU AMO

Bonjovis. Maravilhoso.



Tomsellecks. Brilhante.



Cat with a pipe. Adoro!



Albinos!



Gorilla.



e para encerrar, Airport Trucks.



Enquanto isso aqui no Brasil... uma pior que a outra e a galera cantando de galo.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

MARIJUANA, O XTOMATLE DO SOLANA.

O mundo tem 206 milhões de maconheiros. Eu diria 206.000.001. Seja lá. Dado doido esse, não?

E você, qual é a tua opinião? Pra você, maconheiro é tudo emaconhado, ou será que você é filho adotivo de Jah? Então vou te contar uma história mucho louca.

Parte 1.

Sabia que a má fama da maconha um dia pertenceu a outra planta, de origem azteca, chamada xtomatle?

Descoberta no século 14, o xtomatle era uma frutinha silvestre linda, redondinha e brilhante, venenosa dizia-se, que dava aos montes e que desde sempre era utilizadas de modo ornamental, tanto por pobres quanto ricos.

Um dia um certo cozinheiro, deslumbrado pela beleza apetitosa das tais bolotas rubras, resolveu arriscar. Não ele propriamente, mas uma cobaia bastante especial: a filha do seu patrão. Sem dizer nada, convidou a moça para degustar uma "receita nova" - e ela gostou tanto, e se lambuzou toda, e pediu mais e mais... e acabaram trepando ali mesmo.

Ela viciou. Ele adorou. Definiram então um código: todos os dias ela apareceria bem discreta na porta da cozinha, colocaria o dedo indicador na frente da boca e pronunciaria esse som: xxxxx..... (de xtomatles). Código ouvido, código decifrado, ele então arrancava as próprias roupas, esfregava os xtomatles no corpo todo e ela...

Não tardou para que uma barriguinha estranha a uma virgem começasse a despontar. "Questionada" sobre o autor da safadeza, ela confessou à família: foi o xtomatle!!!

Como era praxe entre os aztecas, ambos acabaram na fogueira (ou no caldeirão, sei lá). Ele porque a drogava com frequência, ela porque trazia o demônio vermelho no ventre.

Desde então, em todos os casos extra-conjugais aztecas a culpa era sempre do xtomatle, maldito psicotrópico afrodisíaco que não tardou para ganhar a Europa. Culpa agora dos espanhóis que o levaram e o-proibiram, tanto quanto o-plantaram, o-colheram e espalharam suas sementes por todo continente. Não só as sementes do xtomatle mas também as suas próprias, bem como os efeitos colaterais. E frontais. Todos eles.

Na França, proibidíssimo, o xtomatle foi batizado de "pomme d'amour". Na Alemanha, "apfell's eiden". O mesmo ocorreu na Inglaterra e nos Estados Unidos. Até que em 1755, o respeitado jornalista americano aí ao lado (que também era editor, autor, maçom, filantropo, abolicionista, funcionário público, cientista, diplomata, calvinista, iluminista, líder da revolução americana, membro da Royal Society, ministro dos correios, inventor do pára-raio e, pela pança, um bom garfo!) Benjamin Franklin defendeu o xtomatle no Congresso, e conseguiu finalmente a cessão do direito de cultivo desse fruto tão diabólico aos agricultores norte-americanos. Fruto esse que nos 4 séculos anteriores levou milhares de metelões à morte e que hoje é conhecido apenas por TOMATE.

E a maconha? Aí entra a segunda parte da nossa história. A maconha é o nosso xtomatle. E a sua história, uma grande salada, vê só:
Parte 2.
Desde 8.000 a.C até 1930 - período de quase 10 mil anos, portanto - a maconha não era maconha, era cannabis. Tampouco era proibida. Era remédio, era fibra, era matéria-prima de roupas, sacos, cordas, velas de embarcações, cêra, chá, especiaria, cola, sapato e fumo. Citada no velho testamento num dos trechos mais significativos e memoráveis, quando Moisés, prestes a receber as tábuas da lei e desconfiado de suas próprias convicções, "viu um arbusto de cânhamo arder sem queimar, e ali revelou-se a presença divina". Cânhamo? Prazer, cannabis.

Até o Napoleão! Manja a guerra qNegritoue ele fez contra a Rússia, em 1812? Foi para que os russos deixassem de vender cannabis aos ingleses, inimigos da França. Já do outro lado, muitos juram de pés (de maconha?) juntos que o russo Tchaikowsky, ao compor a Overture 1812 - composição filarmônica que narra a guerra de 1812 através de sinos, oboés, canhões, tímpanis, naipes de cordas, metais e o cacete... - arrancava cada nota de sua mente após um longo e saboroso "tapa".

1907. Aproximava-se o fim de um período histórico global que ficou conhecido como "revolução industrial". Faltava papel e tecido no mercado, tamanha a demanda. Foi quando o governo americano anunciou investimentos maciços na busca por uma nova tecnologia para a produção em larga escala desses produtos feitos de cânhamo. Isso porque 1 acre de cânhamo era capaz de produzir o mesmo que 4,1 acres de árvores desmatadas.

(Já pensou, os EUA um país "sustentável" graças à cannabis???)

Finalmente em 1916, o depto de agricultura dos EUA declarou dominar a tecnologia que faria da cannabis o principal produto agrícola dos EUA.

Calças Levi-Strauss - um dos milhares de produtos americanos feitos à base de fibra de cânhamo.

Pouco mais de uma década após o anúncio, empresas como a Hearst Paper Manufacturing Division, a Kimberly Clarke, a DuPont e todas as demais companhias têxteis, de madeira, plástico, papel e até mesmo explosivos, calculavam perdas na ordem de bilhões de dólares - números jamais ditos antes. Formaram então o mais poderoso lobby que se tem notícia, liderado pelo jornalista e multimilionário William Randolph Hearst, o rei da mídia. Todos contra esse arbusto de poucas exigências e infinitas utilidades; um concorrente desleal que tudo produzia com alta durabilidade e baixíssimo custo. E qual foi a idéia deles contra a cannabis?
Promover o preconceito racial.

A idéia partiu do próprio Hearst, que odiava os mexicanos tanto quanto os negros. E por que? Porque os mexicanos, liderados pelo guerrilheiro Pancho Villa, conseguiram pegar de volta os 800 mil acres de terra que Hearst havia lhes roubado na fronteira.


A partir de então, passaram a chamar a cannabis, ou HEMP, de "marijuana" - um modo de associá-la direta e pejorativamente aos mexicanos. Era a marijuana a responsável por deixar os cidadãos do país vizinho tão preguiçosos, estúpidos, perigosos e inúteis. Diziam, através de anúncios nos jornais de Hearst: "Não seja como os chicanos. Não consuma produtos de marijuana, essa erva diabólica que abestalha, inutiliza e consome o homem. Olhe para o país vizinho, a origem de todo esse mal, e pense: é um chicano o que você quer ser?"

Apesar dos relatórios oficiais da Inglaterra e EUA, desde o início do séc.XX conclusivos no fato de que "o uso de cannabis traz menos danos à saúde que o cigarro e a bebida", Hearst seguia com a força de seus jornais e magazines, espalhando propaganda anti-cannabis e também seu ódio duplamente racista, através de manchetes escandalosamente falsas sobre crimes hediondos, como "pretos chapados de maconha estupram mulheres brancas em rituais de vudú" . Rituais de vudú? Jazz.



1937. Projeto de lei americano torna a marijuana ilegal. Isso mesmo, a marijuana, e não a cannabis, o cânhamo ou a HEMP.

(Não é estranho verificar que uma lei faça uso da gíria e não do verdadeiro nome da planta para declarar sua proibição? É que HEMP, cânhamo ou cannabis eram nomes que os americanos associavam àquela planta de mil utilidades. Já a marijuana era o demônio verde. Esse foi, portanto, o modo encontrado para que o povo, racista em sua essência, associasse a planta a algo extremamente nocivo, e não mais positivo e importante como era).

Logo após sua proibição, os EUA lançaram uma campanha mundial que acabou por proibir o cultivo da planta em grande parte dos países "civilizados". Proibição que dura até os dias atuais.

1939. Registros da DuPont - que acabara de patentear o nylon e outros processos de produção de plástico a partir de petróleo e a produção do papel a partir da madeira - relatam que "80% dos negócios da empresa não seriam possíveis caso a proibição da marijuana não tivesse ocorrido".

O que Hearst jamais escreveu em seus jornais é que a própria Declaração de Independência dos EUA foi escrita em papel de fibra do cânhamo.


À propósito, sabia que o nome "maconha" foi registrado no Brasil na década de 60 pela Souza Cruz?
Mais curiosidades.

Charles Foster Kane, o personagem central de Citizen Kane, obra-prima de Orson Welles e considerado até hoje o melhor filme de todos os tempos, foi "baseado" na vida e personalidade de William Randolph Hearst. E Rosebud, a palavra que leva o mistério do filme de ponta a ponta, estava prevista originalmente para ser... hump!



Em homenagem a esse mestre do cinema, alguns plantadores de hemp na Holanda resolveram batizar uma das espécies mais fortes de skunk (cannabis índica) de rosebud. Eis um filhotinho. Não é lindo?



E o bagulho da lata, já ouviu falar? Sabe de onde veio?


14 de setembro de 1987 - o navio Solana Star, de bandeira panamenha, flutuava tranquilamente a 100 milhas da costa do Rio de Janeiro, quando seus tripulantes foram avisados que a DEA (Drug Enforcement Administration) e a PF já tinham conhecimento do carregamento de 31,75 toneladas de cannabis indica - gênero mais forte da cannabis. Para evitar o flagrante, despejaram todo conteúdo (pouco menos de 22 mil latas de 1,5 kg cada) em alto mar e as correntes marinhas se encarregaram de fazer a entrega, levando alegria a quem tomava um sol e/ou fumava unzinho nas areias da Enseada, Macumba, Mole, Toninhas, Sahy, Marecas e todas as demais praias entre Santa Catarina e o Espírito Santo. Ô saudade...

Bom, é isso. Agora só nos resta aguardar. Que um novo Benjamin Franklin consiga a legalização desse nosso xtomatles verde, ou então, que um novo solana star apareça com algo ainda melhor e de graça! Enquanto isso, façamos buchas!

E nada de drogas, ãhn!